
Cercado de sinuosas montanhas e contornado por belas praias, o Rio de
Janeiro é capaz de surpreender a todos a cada nova possibilidade de
enquadramento que a cidade oferece. A geografia extremamente acidentada
também ajuda, proporcionando o surgimento de diversos mirantes, ideais
para olhar o Rio de novos ângulos. Vista de cima, a cidade parece ficar
ainda mais bonita, quando as curvas de suas belezas naturais misturam-se
a um Rio urbano, carregado de concreto, asfalto e favelas.
Alguns desses mirantes são famosos e já eternizados em música e verso, como o Corcovado e o Pão de Açúcar. Há, contudo, aqueles menos óbvios, mas que também descortinam belas paisagens de um Rio cheio de curvas. Alguns deles são atingíveis apenas por trilhas, outros estão no meio de comunidades recém-pacificadas, enquanto há aqueles facilmente acessados de carro. O fato é que esses mirantes, pouco a pouco, começam a ser descobertos por cariocas e demais visitantes à procura de novas formas para olhar a cidade.
O mirante da Babilônia é um dos mais claros exemplos. A pacificação da favela, localizada no Leme, cedeu lugar para um passeio sem riscos de bala perdida. Aos poucos, visitantes sobem o morro para, literalmente, olhar novos horizontes. O topo de uma escadaria, localizada em frente à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), guarda o observatório recém-construído. Um belo ângulo do Cristo Redentor, totalmente soberano em meio à Mata Atlântica ainda bastante conservada, vale como recompensa. Do outro lado, pode-se avistar parte da orla de Copacabana, que parece pequenina vista de cima.
Além do visual, o visitante tem a possibilidade de levar como lembrança o inusitado percurso até lá. A chegada até o mirante pode ser feita por moto-táxi, tomado ainda no asfalto, na entrada da comunidade. Após isso, sobe-se algumas dezenas de degraus de uma escadaria feita de cimento. Becos estreitíssimos, transeuntes subindo ladeiras íngremes, crianças brincando nas vielas e o alto som vindo dos bares são alguns dos elementos que compõem o trajeto pela Ladeira Ary Barroso, principal via de acesso do morro.
Para quem sobe ao mirante no início da noite, é possível ainda sentar numa das mesas do bar Estrelas da Babilônia, que abre por volta das 17h. O belga Paul Dhuyvetter e a colombiana Bibiana Angel são os donos do estabelecimento, adquirido há cerca de dois meses. O casal mora na Babilônia e passou algum tempo pesquisando opções para abrir um negócio no local. Acabaram escolhendo o bar, atraídos pelo enorme potencial que o estabelecimento ofereceria, colado ao mirante.
— Já rodei por mais de 70 países e vi coisas maravilhosas por alguns dos lugares pelos quais passei, mas só o Rio é capaz de oferecer um cenário como o que temos daqui, uma verdadeira simbiose entre natureza e metrópole — conta Paul, referindo-se à sintonia entre o urbano, o verde e o mar, todos integrados no mesmo cenário.
O belga já mora no Rio há cerca de dois anos e conta que ainda vê enorme receio de cariocas em subir a comunidade. Por essa razão, o mirante da Babilônia acaba recebendo maior visitação dos próprios moradores e dos estrangeiros em turismo no Brasil, muitos deles hospedados nos cerca de dez hostels que a Babilônia abriga atualmente. A insegurança, principal causa do medo entre os cariocas, já é uma questão totalmente elucidade na comunidade, na avaliação de Bibiana.
— Há pessoas que vêm para o bar tarde da noite, de madrugada, às vezes, e nada acontece. Vejo relações muito próximas por aqui. Há, inclusive, um rígido controle social entre os próprios moradores, que impedem o surgimento de qualquer tipo de violência. Aqui em cima, não sinto medo, só quando desço para Copacabana — avalia a colombiana.
Segurança recuperada
O medo que antes afastava muitos do mirante Dona Marta, localizado na Estrada das Paineiras, já não é mais uma razão que impeça a subida. Do alto de seus 364 metros de altitude, o local oferece uma das mais belas e completas vistas do Rio. Depois de ter sido esvaziado pelo tráfico que também tomou conta do local, recomeça, lentamente, a ser descoberto por visitantes. Como numa quarta-feira qualquer, muito ensolarada, quando um grupo de mais de 30 estudantes universitários achou no Dona Marta uma nova possibilidade de enquadramento do Rio.
O gaúcho Anderson Ribeiro foi quem levou o grupo. Ele é professor de física da Universidade Federal Fronteira do Sul (UFFS) e sugeriu aos alunos universitários a visita ao mirante, durante a tarde de folga que teriam de um congresso. Anderson já esteve no Rio pelo menos cinco vezes e, em uma delas, optou por fazer passeios menos convencionais, fora da rota Corcovado x Pão-de-Açúcar. Foi assim que ele conheceu o mirante.
— A vista que se tem daqui é realmente impressionante. Conseguimos ver a cidade em seus 360º, olhar todos os seus lados. É uma visão bem parecida com a do Cristo e ainda é de graça — diz o professor.
De cima do Dona Marta, os visitantes brincam de apontar os mais famosos pontos turísticos. De um lado, o Pão de Açúcar reina soberano sobre a Baía de Guanabara. Do outro, a Ponte Rio-Niterói se detaca ao horizonte. A enorme selva de pedra, integrando prédios e favelas das zonas Norte e Sul da cidade, completa o visual arrebatador que se tem do topo. Acima de toda a cidade e nas costas do mirante, está o Cristo Redentor, mais uma vez, enriquecendo o cenário.
É até possível chegar ao observatório por meio de uma trilha que tem seu início na comunidade Santa Marta, instalada nas encostas que sobem de Botafogo. Para tanto, é preciso atravessar uma mata fechada e desviar de alguns obstáculos. O jeito mais fácil é, portanto, subir de carro e há acessos pelo Cosme Velho e por Santa Teresa.
Trilhas de um belo horizonte
Visão arrebatadora e também gratuita. Isso é o que define a Pedra Bonita, construção rochosa menos famosa que a Pedra da Gávea, mas com uma visão de tirar qualquer fôlego. Fôlego, aliás, é preciso para conhecê-la. O mirante naturalmente construído no topo da pedra exige a caminhada por meio de um trilha na mata fechada, que pode levar até 40 minutos. O acesso é relativamente fácil, bem demarcado e sem grandes obstáculos, mas exige algum tipo de esforço físico, já que o percurso combina aclives mais acentuados com partes mais planas. Levar água é preciso, já que, lá em cima, apenas a natureza recepciona os visitantes, exuberante em sua plena forma.
Um grupo de três holandeses, a passeio na cidade, foi um dos que experimentaram a visão do alto. Agraciados com que acabavam de ver, os turistas desceram a trilha, encantados. O holandês Niels van Heijningen conta que ficou muito mais surpreendido com o que viu de cima da Pedra Bonita do que no Corcovado.
— Sinceramente, gostamos muito mais da experiência que tivemos aqui na Pedra Bonita do que no Corcovado. Especialmente porque na Pedra Bonita não há tantas pessoas quanto lá. Não é preciso lutar por um espaço para apreciar o cenário ou tirar uma foto — conta Niels.
Trilhas leves, parecidas com a que leva até a Pedra Bonita, dão também acesso a outros observatórios, de onde é possível ver ângulos menos tradicionais da cidade. O Vidigal, comunidade da Zona Sul, localizada entre o Leblon e São Conrado, também conta com um mirante pouco conhecido, alcançado por meio de caminhada de cerca de uma hora. O acesso até o mirante Dois Irmãos pode ser feito de carro até o alto do Vidigal, de onde se inicia o percurso. De cima, a recompensa oferecida pelo esforço é o visual arrebatador das praias do Leblon, Ipanema e São Conrado, além da Lagoa e do Cristo Redentor.
Mirantes mais baixos, mas com cenários igualmente belos, estão também localizados no Parque da Catacumba, na Lagoa. Uma subida de cerca de 30 minutos leva aos dois mirantes do parque, o do Sacopã e o da Pedra do Urubu, de onde se tem ampla e bela vista. Os prédios no entorno da Lagoa e as montanhas ainda totalmente cobertas por Mata Atlântica ajudam a compor o belo cenário, que inclui famosos picos, como o Corcovado e a Pedra da Gávea, além, é claro, da Lagoa. A caminhada até eles é também relativamente fácil e atravessa uma floresta em regeneração. Borboletas, pássaros e calungos surgem, repentinamente, no caminho e tornam a subida mais divertida.
Já para quem quiser economizar exercícios físicos, além do Dona Marta, outro belo mirante facilmente atingível de carro é o do Pasmado, em Botafogo. Um visual arrebatador do Morro da Urca e da Baía de Guanabara é descortinado por entre as árvores, em um lindo ângulo. Já um pouco mais distante da rota óbvia da Zona Sul carioca, uma ótima opção para quem procura por novos enquadramentos é o mirante do Grumari, na Zona Oeste. O observatório está entranhado em meio a uma das últimas reservas naturais ainda remanescentes da Mata Atlântica. De seu topo, é possível avistar a bela praia de mesmo nome, com suas várias nuances de azul.
Alguns desses mirantes são famosos e já eternizados em música e verso, como o Corcovado e o Pão de Açúcar. Há, contudo, aqueles menos óbvios, mas que também descortinam belas paisagens de um Rio cheio de curvas. Alguns deles são atingíveis apenas por trilhas, outros estão no meio de comunidades recém-pacificadas, enquanto há aqueles facilmente acessados de carro. O fato é que esses mirantes, pouco a pouco, começam a ser descobertos por cariocas e demais visitantes à procura de novas formas para olhar a cidade.
O mirante da Babilônia é um dos mais claros exemplos. A pacificação da favela, localizada no Leme, cedeu lugar para um passeio sem riscos de bala perdida. Aos poucos, visitantes sobem o morro para, literalmente, olhar novos horizontes. O topo de uma escadaria, localizada em frente à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), guarda o observatório recém-construído. Um belo ângulo do Cristo Redentor, totalmente soberano em meio à Mata Atlântica ainda bastante conservada, vale como recompensa. Do outro lado, pode-se avistar parte da orla de Copacabana, que parece pequenina vista de cima.
Além do visual, o visitante tem a possibilidade de levar como lembrança o inusitado percurso até lá. A chegada até o mirante pode ser feita por moto-táxi, tomado ainda no asfalto, na entrada da comunidade. Após isso, sobe-se algumas dezenas de degraus de uma escadaria feita de cimento. Becos estreitíssimos, transeuntes subindo ladeiras íngremes, crianças brincando nas vielas e o alto som vindo dos bares são alguns dos elementos que compõem o trajeto pela Ladeira Ary Barroso, principal via de acesso do morro.
Para quem sobe ao mirante no início da noite, é possível ainda sentar numa das mesas do bar Estrelas da Babilônia, que abre por volta das 17h. O belga Paul Dhuyvetter e a colombiana Bibiana Angel são os donos do estabelecimento, adquirido há cerca de dois meses. O casal mora na Babilônia e passou algum tempo pesquisando opções para abrir um negócio no local. Acabaram escolhendo o bar, atraídos pelo enorme potencial que o estabelecimento ofereceria, colado ao mirante.
— Já rodei por mais de 70 países e vi coisas maravilhosas por alguns dos lugares pelos quais passei, mas só o Rio é capaz de oferecer um cenário como o que temos daqui, uma verdadeira simbiose entre natureza e metrópole — conta Paul, referindo-se à sintonia entre o urbano, o verde e o mar, todos integrados no mesmo cenário.
O belga já mora no Rio há cerca de dois anos e conta que ainda vê enorme receio de cariocas em subir a comunidade. Por essa razão, o mirante da Babilônia acaba recebendo maior visitação dos próprios moradores e dos estrangeiros em turismo no Brasil, muitos deles hospedados nos cerca de dez hostels que a Babilônia abriga atualmente. A insegurança, principal causa do medo entre os cariocas, já é uma questão totalmente elucidade na comunidade, na avaliação de Bibiana.
— Há pessoas que vêm para o bar tarde da noite, de madrugada, às vezes, e nada acontece. Vejo relações muito próximas por aqui. Há, inclusive, um rígido controle social entre os próprios moradores, que impedem o surgimento de qualquer tipo de violência. Aqui em cima, não sinto medo, só quando desço para Copacabana — avalia a colombiana.
Segurança recuperada
O medo que antes afastava muitos do mirante Dona Marta, localizado na Estrada das Paineiras, já não é mais uma razão que impeça a subida. Do alto de seus 364 metros de altitude, o local oferece uma das mais belas e completas vistas do Rio. Depois de ter sido esvaziado pelo tráfico que também tomou conta do local, recomeça, lentamente, a ser descoberto por visitantes. Como numa quarta-feira qualquer, muito ensolarada, quando um grupo de mais de 30 estudantes universitários achou no Dona Marta uma nova possibilidade de enquadramento do Rio.
O gaúcho Anderson Ribeiro foi quem levou o grupo. Ele é professor de física da Universidade Federal Fronteira do Sul (UFFS) e sugeriu aos alunos universitários a visita ao mirante, durante a tarde de folga que teriam de um congresso. Anderson já esteve no Rio pelo menos cinco vezes e, em uma delas, optou por fazer passeios menos convencionais, fora da rota Corcovado x Pão-de-Açúcar. Foi assim que ele conheceu o mirante.
— A vista que se tem daqui é realmente impressionante. Conseguimos ver a cidade em seus 360º, olhar todos os seus lados. É uma visão bem parecida com a do Cristo e ainda é de graça — diz o professor.
De cima do Dona Marta, os visitantes brincam de apontar os mais famosos pontos turísticos. De um lado, o Pão de Açúcar reina soberano sobre a Baía de Guanabara. Do outro, a Ponte Rio-Niterói se detaca ao horizonte. A enorme selva de pedra, integrando prédios e favelas das zonas Norte e Sul da cidade, completa o visual arrebatador que se tem do topo. Acima de toda a cidade e nas costas do mirante, está o Cristo Redentor, mais uma vez, enriquecendo o cenário.
É até possível chegar ao observatório por meio de uma trilha que tem seu início na comunidade Santa Marta, instalada nas encostas que sobem de Botafogo. Para tanto, é preciso atravessar uma mata fechada e desviar de alguns obstáculos. O jeito mais fácil é, portanto, subir de carro e há acessos pelo Cosme Velho e por Santa Teresa.
Trilhas de um belo horizonte
Visão arrebatadora e também gratuita. Isso é o que define a Pedra Bonita, construção rochosa menos famosa que a Pedra da Gávea, mas com uma visão de tirar qualquer fôlego. Fôlego, aliás, é preciso para conhecê-la. O mirante naturalmente construído no topo da pedra exige a caminhada por meio de um trilha na mata fechada, que pode levar até 40 minutos. O acesso é relativamente fácil, bem demarcado e sem grandes obstáculos, mas exige algum tipo de esforço físico, já que o percurso combina aclives mais acentuados com partes mais planas. Levar água é preciso, já que, lá em cima, apenas a natureza recepciona os visitantes, exuberante em sua plena forma.
Um grupo de três holandeses, a passeio na cidade, foi um dos que experimentaram a visão do alto. Agraciados com que acabavam de ver, os turistas desceram a trilha, encantados. O holandês Niels van Heijningen conta que ficou muito mais surpreendido com o que viu de cima da Pedra Bonita do que no Corcovado.
— Sinceramente, gostamos muito mais da experiência que tivemos aqui na Pedra Bonita do que no Corcovado. Especialmente porque na Pedra Bonita não há tantas pessoas quanto lá. Não é preciso lutar por um espaço para apreciar o cenário ou tirar uma foto — conta Niels.
Trilhas leves, parecidas com a que leva até a Pedra Bonita, dão também acesso a outros observatórios, de onde é possível ver ângulos menos tradicionais da cidade. O Vidigal, comunidade da Zona Sul, localizada entre o Leblon e São Conrado, também conta com um mirante pouco conhecido, alcançado por meio de caminhada de cerca de uma hora. O acesso até o mirante Dois Irmãos pode ser feito de carro até o alto do Vidigal, de onde se inicia o percurso. De cima, a recompensa oferecida pelo esforço é o visual arrebatador das praias do Leblon, Ipanema e São Conrado, além da Lagoa e do Cristo Redentor.
Mirantes mais baixos, mas com cenários igualmente belos, estão também localizados no Parque da Catacumba, na Lagoa. Uma subida de cerca de 30 minutos leva aos dois mirantes do parque, o do Sacopã e o da Pedra do Urubu, de onde se tem ampla e bela vista. Os prédios no entorno da Lagoa e as montanhas ainda totalmente cobertas por Mata Atlântica ajudam a compor o belo cenário, que inclui famosos picos, como o Corcovado e a Pedra da Gávea, além, é claro, da Lagoa. A caminhada até eles é também relativamente fácil e atravessa uma floresta em regeneração. Borboletas, pássaros e calungos surgem, repentinamente, no caminho e tornam a subida mais divertida.
Já para quem quiser economizar exercícios físicos, além do Dona Marta, outro belo mirante facilmente atingível de carro é o do Pasmado, em Botafogo. Um visual arrebatador do Morro da Urca e da Baía de Guanabara é descortinado por entre as árvores, em um lindo ângulo. Já um pouco mais distante da rota óbvia da Zona Sul carioca, uma ótima opção para quem procura por novos enquadramentos é o mirante do Grumari, na Zona Oeste. O observatório está entranhado em meio a uma das últimas reservas naturais ainda remanescentes da Mata Atlântica. De seu topo, é possível avistar a bela praia de mesmo nome, com suas várias nuances de azul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário