Além de surpreender oposição e governo, a união de Marina Silva com o
governador Eduardo Campos (PE) pode ameaçar a esperada adesão do PSB à campanha
de reeleição do tucano Geraldo Alckmin em São Paulo. Palanques podem ser
afetados em outros Estados também.
Segundo a Folha apurou, PSB e Rede se reunirão esta semana para desenhar o
mapa nacional de alianças e definir onde haverá revisão de acordos com outros
partidos.
"Vamos afinar a viola. Evidente que teremos ajustes. Em muitos lugares,
teremos de dar uma revisada em Estados que se podia negociar com o PSDB. Revisão
não significa que vai mudar. Temos que avaliar se a ideia de palanque duplo com
Alckmin é o caminho. Pode não ser", disse Beto Albuquerque (PSB-RS), líder da
sigla na Câmara.
Por ora, nem candidatura própria é descartada. Campos e Marina devem se
encontrar em São Paulo esta semana.
Independentemente do desfecho no Estado, o casamento político sacramentado no
sábado produziu seu primeiro efeito colateral: deixou mais caro o apoio do PSB a
Alckmin. A legenda pleiteava a vaga de vice na chapa.
Há algumas semanas, Campos e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) acertaram apoios
mútuos em dez Estados: Minas, Paraná, Ceará, Piauí, Paraíba, Alagoas, Pará,
Amazonas e Roraima, além de SP.
Embora virtuais candidatos presidenciais em 2014, configurava-se ali mais uma
relação de parceria do que de rivalidade, com vistas a forçar um segundo turno.
Agora, Campos criou condições para se tornar o candidato da "terceira via"
-espaço até então ocupado pela ex-senadora-, numa jogada que pode tirar o tucano
de eventual segunda fase da disputa.
O novo quadro, se consolidado, pode alterar a correlação de forças nos
Estados. "Mudou tudo. Nós éramos um partido imprensado. Não somos mais", disse o
governador a interlocutores.
Em relação ao tempo de propaganda na televisão, contudo, Campos continua
espremido --a Rede não contribui nesse aspecto porque não obteve o registro no
Tribunal Superior Eleitoral-- e precisará atrair legendas que agreguem minutos
adicionais à sua fatia no horário eleitoral.
"Tentaremos manter coligações estaduais dos dois partidos, mas onde a
realidade tornar impossível essa aliança, a Rede adotará posicionamento
independente, apoiando a coligação nacional, mas realizando a tática eleitoral
que for adequada ao nosso programa", diz Pedro Ivo Batista, dirigente da Rede.
A nova aliança vai afetar também a relação do PSB com petistas. "A Bahia
precisa seguir o exemplo de Minas e São Paulo e definir seu candidato diante do
novo cenário eleitoral", afirmou José Sérgio Gabrielli, secretário de
Planejamento do governo Jaques Wagner (PT) que está se lançando candidato.
Para ele, a aliança entre Marina e Campos pode fortalecer o nome da senadora
Lídice da Matta (PSB) contra o PT. A expectativa era de que ela não entrasse na
disputa.
Em sinal de que as articulações estaduais ganharam novo ritmo, Campos recebeu
ligação de Paulo Skaf (PMDB), potencial rival de Alckmin, pedindo uma conversa.
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