Para marcar a sua diferença com o coletivo cultural Fora do Eixo (FdE), o músico Lobão lançou nesta terça-feira a canção Eu Não Vou Deixar, no site que leva o nome da música -- eunaovoudeixar.com.br. A composição surgiu após as controvérsias envolvendo o líder do coletivo cultural, Pablo Capilé, em agosto, quando a cineasta Beatriz Seigner e outros artistas acusaram a organização de estelionato, retenção de cachê e outros crimes.
"Logo que surgiram as denúncias, eu já estava indignado, sabia como o
coletivo agia e que os artistas não recebiam pagamento. Fui ao Facebook
do Capilé e havia um post dele desafiando qualquer músico e produtor
cultural interessado a debater com ele. Eu embarquei na ideia",
diz Lobão, que programou um hangout ao vivo na internet e convidou
Capilé. Ele aceitou prontamente, mas no dia seguinte desmarcou. "Fui
procurá-lo novamente no Facebook e ele não me respondeu. Comecei a
soltar algumas indiretas nas redes sociais. Disse que faria uma camisa
escrita: 'Cadê o Capilé?'."
Após as mensagens, Capilé respondeu e disse a Lobão que assim que
estivesse disponível agendaria uma nova data. "Depois disso, ele
desapareceu", disse Lobão, que faria o hangout no mesmo dia
do Festival Agreste in Rock, em Caruaru, Pernambuco. "Foi então que
pensei em fazer a música para tocar no festival", conta o músico, que
escreveu a canção em 15 minutos.
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Em um trecho da letra, Lobão, que toca todos os instrumentos da
música, canta: “Mané querendo mudar o mundo/ engenheiro social/ tungando
a grana de artista/ inventando edital/ direito autoral ele também não
quer,/ mas eu não vou deixar."
"Quis gravar todos os instrumentos como um argumento contra os
coletivos culturais, que formam pessoas fracas. Fiz tudo nessa
música para provar que um indivíduo bem formado é capaz de fazer
qualquer coisa", explica Lobão. "O conceito de toda a música é isso, que
o individuo é forte, o autor é indissociável. O autor sempre será a
célula inicial da criação. Não se pode desvalorizar o trabalho do
artista. Nem abrir mão do direito autoral que é o seu ganha-pão."
Segundo o músico, a canção é um “grito de guerra” contra o
coletivo, base da Mídia Ninja. "O Fora do Eixo monopolizou toda a rede
de música independente. Se você não reza na cartilha deles, você não
existe. Isso prejudica os novos artistas. É uma situação muito grave.
Meu desejo é que essa instituição seja desmantelada."
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