Excesso de veículos explica lentidão, mas negligência de condutores impõe caos no trânsito

O caos no trânsito de João Pessoa pode ser explicado por duas vertentes: o excesso de veículos e a desatenção dos condutores. Pequenos acidentes, na maioria provocados pela negligência de quem dirige e que se distrai com outras situações, provocam lentidão no tráfego e, por vezes, congestionamentos. 
Somente na manhã desta segunda-feira (10) foram anotados três acidentes, que emperraram o fluxo dos veículos em João Pessoa. O primeiro deles foi nos Bancários, Zona Sul da Capital, quando um caminhão cegonha arrastou os fios de alta tensão, derrubou um poste e deixou boa parte do bairro sem energia elétrica, desde às 5h. Outro foi na BR 230, próximo ao Macro (sentido bairro/centro). A partir do posto da Polícia Rodoviária Federal em Baeyux, na região metropolitana, os reflexos desse acidente entre dois veículos foi sentido. 
Por fim, a avenida Epitácio Pessoa, por volta das 9h, também ficou com trânsito lento, a partir da bifurcação com a avenida Ruy Carneiro (sentido praia/Centro). Nesse caso houve uma pequena colisão entre dois veículos na chegada à praça da Independência. Foi o suficiente para o tráfego travar. 
O aumento da circulação de veículos, após o fim das férias escolares, também ajudou a trazer de volta os congestionamentos.  
Para se ter uma ideia da quantidade de veículos circulando diariamente na Capital, basta analisar os dados do Detran-PB que mostram um crescimento e tendência constante de aumento. No ano de 2000, João Pessoa possuía 100.427 veículos. Dez anos depois, essa frota mais que duplicou atingindo 234.014 unidades.
Os acidentes causados principalmente pela desatenção, pressa ou por imprudência de motoristas, junto com o aumento da frota de veículos e a falta de estrutura das vias para suportar a demanda têm tornado o trânsito da Capital cada vez mais difícil. Especialistas concordam que que há a necessidade de projetos que deem condições de circulação e que melhorem estruturalmente os serviços de transportes coletivos para atrair usuários.
Em dezembro de 2013, a frota de João Pessoa cresceu 7,20% em relação ao mesmo período de 2012, ou seja, atualmente a Capital possui uma frota de 302 mil e 123 veículos, com uma população estimada em 720 mil habitantes, significa que temos aproximadamente um veículo para cada dois habitantes.

Foto: Congestionamentos atrapalham pessoenses
Créditos: Mano de Carvalho

Acidentes vêm diminuindo 
Apesar dos acidentes serem uma causa dos congestionamentos, eles vêm diminuindo e deixando transparecer que o excesso da frota e a falta de infraestrutura das vias são mesmo os maiores vilões do trânsito lento nas grandes cidades.
Dados do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran-PB) revelam que em 2012 e em 2013 houve uma redução no número de acidentes nas áreas urbanas e nas rodovias estaduais do estado. Foram 8,91 mil acidentes em 2012 e 7,665 mil em 2013. Uma redução de 5,27%.
O comandante do BPTran, coronel Almeida Martins, explicou que essa diminuição atingiu as áreas urbanas das grandes cidades da Paraíba. Ele acredita numa maior conscientização dos motoristas na questão da prevenção aos acidentes. "Notamos que as pessoas estão chegando a um patamar de ordem social mais acentuado e há uma obediência maior ao Código de Trânsito", disse.
Na opinião dele, as blitze têm ajudado muito a evitar que motoristas cometam abusos. "Nós observamos gente até com formação acadêmica ainda insistindo em dirigir sob efeito de bebida alcoólica, mas acredito que as pessoas vão acabar se adaptando e obedecendo as normas, que deveriam estar em prática há muito mais tempo", disse referindo-se à lei seca e às fiscalizações.

Foto: Dia a dia fica difícil para quem precisa se deslocar pela cidade
Créditos: Thiago Casoni

Telefone ao volante causa distração
Enquanto as melhorias estruturais para que o trânsito flua com mais rapidez não acontecem, o que os motoristas precisam fazer é prevenir acidentes. o coronel Almeida Martins informou que entre as principais infrações causadoras de acidentes registradas pelo órgão, além da ingestão indevida de alcoólica ao volante, está o uso do telefone celular ou outros equipamentos eletrônicos ao dirigir.
O uso indevido do telefone no trânsito está entre as dez infrações mais frequentes, segundo o BPTran, sendo responsável por 509 notificações em 2013. Foram 75 casos a mais que em 2012, que notificou 434 infrações desse tipo. Os equipamentos distraem os motoristas que precisam estar atentos, já que os acidentes acontecem em questão de segundos.
O consumo de álcool aparece entre as cinco infrações mais frequentes, mas ele vem registrando queda. Em 2012, correspondia a 2.132 registros de infração. Já em 2013, foram 1.758 notificações.
A grande campeã nas infrações notificadas pelo BPTran é a condução de veículo sem a Carteira Nacional de Habilitação, a CNH. Em 2013 foram notificados 6.206 casos. Mesmo assim, representou uma redução em relação ao ano anterior que teve 8.014 registros.
O coronel Almeida Martins apontou também como grande causador de acidentes abusar da velocidade e infringir os limites principalmente em avenidas movimentadas.
Nesses casos, quando acontecem acidentes, geralmente são com gravidade e resultam em tragédia. "Uma avenida como a Epitácio Pessoa, na Capital, por exemplo, que não permite uma velocidade acima dos 60 Km/h, alguns motoristas querem ultrapassar os 100 km/h", contou. 

Outras recomendações repassadas pelo coronel Almeida Martins são usar sempre o cinto de segurança, estar com documentação do veículo e a CNH e dirigir com muita atenção mesmo em avenidas pouco movimentadas porque elas sempre são pouco sinalizadas, dificultando o cumprimento das regras e resultando em perigo de acidentes principalmente aos mais desatentos.