
“Chego para me juntar a um elenco de primeira, com pessoas que eu respeito imensamente, já trabalhei com Abelardo Jurema, que é uma grande referência, fui auxiliar dele”, conta.
Mas sua área de atuação não se restringirá apenas ao impresso, espaço que ocupa ao longo de 3 décadas, na cidade, a grife Gerardo Rabello poderá ser conferida em rádio, jornal, televisão e internet. “Vou ter a coluna, editar a revista Premium, ter um programa na RCTV, ter uma participação a ser definida na TV Correio e vou ter uma participação numa das rádios do Sistema fazendo uma espécie de programete”, conta.
Gerardo nos recebeu em seu escritório, numa sala repleta de quadros de artistas plásticos paraibanos como Fred Svendsen, Miguel dos Santos e Flávio Tavares. Além de falar sobre os seus projetos, Gerardo conversou sobre sua carreira, falou de seu encontro e posterior amizade com Carmen Mayrink Veiga, deu dicas para as pessoas que desejam circular no mundo da sociedade, o que deve ser feito e, principalmente, o que deve ser evitado e, claro, conversou sobre o fenômeno Luiza, de como lidou com o fenômeno na internet.
“É um retorno à casa com missões em todas as vertentes no setor de comunicação”, avalia. De 1992 a 1994, Gerardo trabalhou no CORREIO como diretor comercial e colunista. “Desde sempre me habituei a trabalhar em muitas vertentes e não ficar em uma coisa só. A coluna sempre foi o canal mais importante das minhas atividades”.
Lidar com várias mídias não vai ser problema para Gerardo. No rádio e na revista, usará assuntos que não são factuais. “Não é o compromisso de ter que ir lá todo dia, mas mandar diariamente alguma coisa. E aí eu mando por telefone. O que é muito legal”.
Furo
Embora não seja este o objetivo da coluna, vez por outra, Gerardo consegue ‘furos’ e ter uma informação precisa antes dos colegas, por exemplo, da área política. Foi assim quando noticiou a separação do então prefeito Ricardo Coutinho, hoje governador do estado. “Os colunistas políticos ficaram para morrer. Porque eu furei”, recorda.
Tão atento a estas questões, Gerardo disse que ligou para o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) e pediu que algo exclusivo lhe fosse dito. “Ele me garantiu que iria mandar”, conta. Gerardo tem consciência de que a coluna não é apenas de sociedade, mas abrange outras áreas também. “A gente circula num setor que tem as pessoas que decidem, ficamos sabendo da vida de advogado, prefeito, desembargador, enfim, de pessoas bem sucedidas, de gente de sociedade, de artes, essas pessoas vivem em nosso universo e com isso certos canais são criados”.
Primeira coluna
Uma dúvida assaltou Gerardo. Qual seria a foto de estreia no CORREIO? “Não posso entrar com uma coisa da normalidade, do dia-a-dia. Pensei vou eleger uma mulher de sociedade, forte, influente: Valdívia Santiago. Por quê? No sábado, dia 14, na véspera da minha estreia, ela vai estar recebendo um grande volume de pessoas numa festa que todo ano movimenta muito a cidade, que é a festa dos lojistas, no Manaíra shopping. É quando ela abre a casa dela, recebe em geral 800 pessoas e sempre tem um grande show nacional, ano passado foi Erasmo Carlos”, conta.
“Valdívia é um mulher influente, que as pessoas olham para ela o tempo todo, e ela veste grifes internacionais com a maior normalidade, porque pode, e pessoas gostam de olhar o luxo, de se remeter a possibilidade de ter, de ver o que está na moda, e ela vira símbolo, uma mulher elegante que, realmente, tem uma postura de mulher elegante”, opina.
Gerardo encomendou à sua equipe um ensaio fotográfico com Valdívia com a roupa que ela usou na festa de realizada no sábado. Ocasião em que, junto com os manobristas, nos carros, foi deixada uma “degustação da coluna”, com um exemplar do CORREIO e um cartão do colunista.
Festas
Houve um tempo que Gerardo ia a todas as festas em João Pessoa. “A cidade era menor. Hoje não dá. Hoje eu procuro uma ou duas no máximo e como eu tenho equipe”, conta. “Eu sou cobrado. Tem gente que diz: ah, você não foi na minha festa”, ri.
“Pra sair na coluna necessariamente não precisa ter dinheiro. Já pra desmistificar. O lado tradicional da sociedade é, sem dúvida, o esqueleto do colunismo. Porque foi com ele, com as famílias tradicionais, que a gente vê a base”, conta.
Acompanhando a cena social de 30 anos para cá, Gerardo diz que houve muita diferença na cidade de hoje com a de três décadas atrás. “João Pessoa estava dando passos muito lentos no sentido de crescimento”, avalia.
“O núcleo que mandava naquela época é um núcleo muito forte, a cidade cresceu e esse núcleo também cresceu na fama, mas no esteio, no que impõe, no que é considerado chique, porque é tradicional, porque é da família, da coisa estruturada de toda sociedade, sociedade que eu digo sem ser o social, essas pessoas aqui são as pessoas que decidiram, influíram, que contribuíram para que a cidade ganhasse força”, avalia.
Para Gerardo, “toda geração tem sua estrela e que essa estrela na geração seguinte, ou mais para frente, cansa; às vezes, não quer mais ir, não tem vontade, e é aí que entram os sucessores desse pessoal ou os influentes que vão se agregando e a sociedade vai crescendo”.
Estela Wanderley
Dentre as mulheres de sociedade, Gerardo cita Estela Wanderley. “Essa mulher aqui há 50 anos que reina na sociedade paraibana. Ela casou bem. Casou com um homem que era dono dos cinemas da Paraíba, Luciano Wanderley. Ele foi um homem rico a vida inteira, que recebia e movimentava a sociedade. E ela fazia jus, à época, na geração dela, como uma dama da sociedade daquelas que todo mundo ainda insiste em pensar, que mulher de sociedade é aquela mulher que só se arruma muito”.
Não convidados iam ao “sereno” ver
Gerardo conta que existia, antigamente, o chamado “sereno”. “Você não era convidado, mas ia para as portas da igreja, ainda tem isso, à distância para olhar a chegada do povo de sociedade. Então, as mulheres que não eram convidadas, iam para a porta para ver a chegada de Estela, que é a Carmem Mayrink Veiga local.
Para quem quer ascender para o mundo da sociedade, Gerardo dá conselhos. “Se chegar com inteligência, se ela ascender socialmente, ela não vai querer aparecer se não tiver condições de freqüentar, ela vai querer freqüentar bonita, chique”. A conversa é um quesito importantíssimo. “É importante ter um entendimento normal, da racionalidade, não dizer bobagem, não querer toda hora estar querendo aparecer esse é um detalhe que tira a pessoa, o forçar de barra para aparecer”, orienta.
Carmem Mayrink Veiga
Em casa, após escrever um texto que lhe pôs em apuros, “queriam me matar!”, sobre os dez mandamentos dos “emergentes”, Gerardo leu uma entrevista nas página amarelas da revista Veja. “Era Carmen Mayrink Veiga falando sobre a derrocada financeira da família, mas falando que estava pronta para trabalhar. Eu pensei: trabalhar como? Tive a ideia: vou chamá-la aqui pra fazer uma palestra com as mulheres e pra ela expor os vestidos da coleção dela e naquela época era mais difícil de aparecer isso aqui”.
O ano era 1998. Gerardo foi o primeiro contratante de Carmen. Em seguida, vieram outras palestras e a dama da sociedade brasileira não se esqueceu do paraibano. “Com isso deu Veja, Caras, que estava começando; o primeiro personagem paraibano que apareceu em Caras, em várias páginas, foram Gerardo e Patrícia Rabelo, a convite de Carmem Mayrink Veiga, isso lá numa festa no Copacabana Palace”.
Após a vinda de Carmen à Paraíba, Gerardo revela que ficaram amigos. “Depois disso ela fez uma palestra em Brasília. Aí, ela não conseguiu ir sem eu estar presente. E liga pra mim. Eu quero que você vá pra Brasília. Em Brasília ela faz uma alusão a mim. Brasília é a cidade do poder, o povo só olha se você tem poder. Quando ela falou: ‘é pra você Gerardo’.
O auditório todo inteiro veio para cima de mim. E havia umas cadeiras vagas perto de mim. Quando eu vi, as cadeiras não estavam mais vagas. Eles voltaram para ficar perto de mim. Uma coisa engraçada. E depois disso, me chamou para Salvador, aí eu parei porque eu estava trabalhando para ela e ela não estava me remunerando para isso. Mas fiquei amigo”.
Dicas para aparecer em sociedade
Regra número 1? “Primeiro a pessoa precisa circular. Antes, precisa ser convidada. Há convite para festa dos vips, mas, hoje em dia, existem as festas, os coquetéis das lojas, que são pagas, que estão no universo dos colunistas, qualquer pessoa pode comprar e ir, marcar presença e começar a criar vínculo com as pessoas. Isso é muito estratégico”, aconselha.
“Frequentar academia é uma coisa boa. Tem os horários mais tops, não é? Ir nas lojas que são mais badaladas, ir no horário. Criar vínculos com as donas das lojas. Porque podem chamar para o evento de suas lojas. tudo tem um mecanismo. Essa é uma estratégia pra circulação”, analisa.
Mas não dê um passo maior que a perna. “Promover festa é outro passo, lá na frente. Quando você criar uma condição de ter quem convidar para poder você dar densidade à sua festa. Se você me convidar sem eu lhe conhecer eu não irei à sua festa. Eu até registro na coluna. Fulano e beltrano estão recebendo hoje. Ponto”.
Gafes a serem evitadas
Na década de 50, Gerardo lembra, o colunista não ganhava salário, mas presentes. “Não quer dizer que eu não recebo presente. O que não pode é o presente vir como forma de pagamento para uma nota, por exemplo”. O colunista diz que trazer presentes no momento em que vem se pedir para divulgar uma nota é algo totalmente reprovável.
"Eu prefiro nem receber esse presente. No Natal, é comum as pessoas trocarem presentes. Se chegar aqui, nessa época, está tudo certo. No meu aniversário, tudo bem. Agora, fora disso, não tem porque me enviar presentes. Se você quer fazer negócio, vamos fazer negócio com o veículo? Vamos anunciar no veículo? É uma gafe isso, querer subornar”.
Outra coisa importante. Discrição. “Depois, forçar a barra. Estar ligando, insistindo, querendo. Você chega nos lugares ficar puxando assunto sem permitir que a gente chegue. Porque numa festa a gente não chega para se divertir, mas para trabalhar, é diferente”.
Mentir também não é nada bom. “Mandar email com tudo o que faz, inclusive com mentiras, com o que fez e deixou de fazer, só para aparecer na coluna, é uma coisa que não deve acontecer. Mandar envelope com dinheiro. Tem quem faça isso”.
Compostura também é algo a ser apreciado. “Ficar bêbado numa festa. A pessoa tem que ter postura. Você pode fazer uma pesquisa. Ninguém nunca viu Gerardo Rabelo bêbado. E você me pergunta: mas você já ficou? Sim, já fiquei, já puxei fogo, mas tenho postura, sei entrar e sei sair”.
Outros conselhos: “Ter voz, ter argumento, conversar bem, saber sair, estar arrumando, tem um conjunto, e ser inteligente para conversar, a conversa inteligente é o que mais chama atenção para mim, se for uma pessoa inteligente, me diverte conversar e me divertindo já está sendo um destaque.
Falar sobre empregados ou sofrimento? Nada disso. “Foi um aprendizado de Carmem Mayrink Veiga. Ela diz: eu não saio de casa para escutar o problema dos outros; os meus problemas já estão em casa. Eu não quero, não acho justo, investir no divertimento e ficar escutando sofrimento.
O sofrimento poderá ser compartilhado com um amigo de forma particular. Eu sair de casa para visitar fulano, porque quero estar solidário no sofrimento dele, porque sei que ele está precisando. Agora, na festa, se você está na festa, o seu sofrimento não é tão forte”.
Por fim, outra gafe a ser evitada. “Não fazer a festa maior do que pode pagar. Porque tem gente que investe tanto que sai comprometido dela. A festa, essa história da grandeza ou da grandiosidade dela, quem faz é a pessoa. Você pode fazer uma festa menor, compatível com o seu rendimento, e que não tenha tantos artifícios e que seja tão boa ou melhor do que qualquer uma com superprodução, que necessariamente não é a maior nem a melhor festa”.
Luiza e o filho Gerardo
Luiza, Gerardo conta, recebeu convite para ir os programas A Fazenda, da Record, e o BBB, da Rede Globo. Recebeu propostas para ensaios em poses mais sensuais. “teve uma série de universos nos quais ela foi sondada, como a decisão dela, desde o primeiro momento foi a de não querer, ela não aceitou nada disso, mas nós tivemos uma forma muito calma de lidar com isso pra não parecer como se estivéssemos nos sentindo atacados por estarmos recebendo esses convites ou de que aquilo estivesse nos hostilizando”, conta.
Gerardo diz que a família soube lidar com o que aconteceu. “Precisou de uma união familiar muito intensa de um dar a mão com o outro, ter reunião em casa, para criarmos força e podermos enfrentar tudo o que estava acontecendo e se saindo bem. Minha ideia era, e não aconteceu, não deixar nada manchar minha filha que tinha 17 anos, para se transformar ou numa boba, ou mulher fruta”, diz. “Ela é reservada. Ela gosta da normalidade”.
Luiza fez vestibular para Arquitetura. Não gostou. “Fez de novo, odontologia. Passou. Está adorando”. Gerardo Filho está seguindo os passos do pai. “Gerardo Filho olha pra mim com muito orgulho”, constata. Ele, editor atualmente do blog de coluna social do Manaíra Shopping, fez vestibular para Direito, hesitou entre fazer jornalismo, mas decidiu que fará este curso. “Ele tem uma desenvoltura muito boa pra esse mercado. Ele tem força pessoal de comunicação. Acho que ele vai repetir Gerardo pai, em versão melhor”.
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