
De acordo com a professora coordenadora, Eliete Gurjão, o projeto “Antes que se apague completamente” tem dois focos: rememorar o movimento na Paraíba e restaurar o patrimônio histórico relacionado à revolução. A professora da UEPB explicou que o movimento surgido no estado de Pernambuco teve uma repercussão muito forte na Paraíba, devido a proximidade, no entanto não desfruta do mesmo reconhecimento histórico que possui no estado vizinho.
“A Paraíba teve uma participação muito importante na revolução. Digamos que tenha sido o segundo estado mais importante na manifestação, mas sua história foi obscurecida. O movimento insurgido no interior, nas cidades de Itabaiana e Pilar - mais próximas de Pernambuco, resultaram na destituição do governo partidário português na capital e na proclamação da república. Até uma Constituição começou a ser discutida à época. Estamos trabalhando para remorar este momento”, comenta.
Em pesquisa realizada pelo projeto no mês de julho de 2013, 73% dos entrevistados afirmaram não conhecer absolutamente nada sobre a Revolução de 1817 e outros 62% responderam não ter nenhum tipo de curiosidade sobre o nome da Praça 1817. A pesquisa ainda apontou um desejo geral dos entrevistados em fortalecer a identidade paraibana, cerca de 90% foram favoráveis a projetos de resgate e reforço da identidade.
Além de pesquisas, o projeto coordenado pela professora Eliete Gurjão já promoveu duas exposições no Centro de João Pessoa e contribui para a restauração de monumentos da capital destinados a reservar parte da história da Revolução Pernambucana na Paraíba. “Realizamos a restauração de quatro placas comemorativas do primeiro centenário da revolução, todas localizadas na parte histórica do Centro de João Pessoa. Estamos finalizando os trabalhos de restauração da última placa para concluirmos esta parte de restauração”, ressaltou.
Revolução de 1817 na Paraíba
Para contar sobre a revolução no estado, Eliete Gurjão relata que é preciso explicar o momento histórico de revoluções que aconteciam ao redor do mundo na época, dentre as quais a independência dos Estados Unidos e de colônias vizinhas da América Espanhola. Segundo ela, a revolução nasceu do momento de efervescência popular, somado à insatisfação da classe burguesa diante da queda dos preços dos produtos de exportação, base da economia nordestina, e da falta de investimentos na região em detrimento ao desenvolvimento no Sul e Sudeste.
“Existia uma insatisfação geral da população com a relação ao governo português. Questões como urbanização e a exploração da coroa para o custeio da Família Real no Brasil eram discutidas pela sociedade. Foi neste cenário que eclodiu a revolta em Pernambuco e rapidamente se espalhou pelos outros estados do Nordeste. É importante ressaltar também a participação do padres e da Maçonaria no movimento”, relatou a professora.

Os cinco líderes da revolta na Paraíba, José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes Coutinho, Francisco José da Silveira, padre Antônio Pereira de Albuquerque e Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão foram enforcados em Recife após a rendição e posteriormente esquartejados. Os membros amputados foram distribuídos e expostos em pontos estratégicos em João Pessoa. As placas que marcam o primeiro centenário da revolta estão justamente localizadas onde cada um das partes dos corpos dos líderes do movimento foram expostas.
“A Revolução de 1817 foi muito mais significativa que a Conjuração Mineira. Chegamos a declarar independência de Portugal e proclamar uma república. Tivemos não um, mas cinco ‘Tirandentes’. Não podemos deixar que um movimento tão simbólico, a primeira manifestação de liberdade do nosso estado, continue obscurecido na memória dos paraibanos”, conclui Eliete Gurjão.
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