23 de dezembro de 2012

Poema para Um domingo

  

                Essência do Natal com gosto de jiló 

Magro Menino-Deus bateu em minha porta
Vestido de algodão e sapatinho Conga.
Encabulado, foi dizendo sem delonga
A forte humilhação que a infância suporta

Na época do Natal, sem pai que dê esteio
Aos pueris desejos de um menino pobre.
Com exasperação e desprazer descobre
Ser o Papai Noel um mero devaneio.

A essência do Natal, enfim, homenageio
Em cima dessa casca, embaixo desse lodo:
Mercantilização e consumo sem freio.

Olhando-me nos olhos, o guri conclui:
O homem que sou hoje está o tempo todo
Ao lado da criança que um dia eu fui.


                                               Fabio Mozart

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