23 de maio de 2011

Tim Maia


Sebastião Rodrigues Maia, a TIM Maia, penúltimo filho em uma família de 19 irmãos, ficou conhecida como o síndico da Música Brasileira. Chegava e botava ordem, se bem que não gostasse muito de cumpri-las. Uma de suas características mais conhecidas, depois da voz grave e afinadas, era a de faltar aos shows.

TIM começou a carreira junto com Roberto e Erasmo Carlos formando no Rio de Janeiro, em 1957, o grupo Sputnik. Depois de uma estada de seis anos nos Estados Unidos, influenciado pelo soul mu sic, o cantor definiu seu estilo e voltou com idéias rejeitadas pela Jovem Guarda. Assim, só conseguiu gravar o primeiro disco solo em 1970. E veio cheio de surpresas, estourando sucessos como Azul da cor do mar e Primavera. Estes seriam seguidos de muitos outros: A festa do Santo Reis Não quer dinheiro (só quero amar), Você, Réu confesso, Gostava tanto de você e Sossego, para citar alguns. O soul mu sic e o funk com tempero brasileiro foi atravessando a década de 80 com mais sucessos como Descobridor dos sete mares e Do Leme ao Pontal. Às vezes o vozeirão de TIM servia às canções mais açucaradas como Me dê motivo, Leva e Um dia de domingo. Com seu eterno bom humor e senso crítico, ele definiria mais tarde sua fórmula infalível. “Metade de minhas músicas é esquenta-sovaco e metade mela-cueca”.

Em determinados momentos da vida chegava a beber três garrafas de uísque por dia, além de usar maconha e cocaína. Por incrível que pareça isso parece nunca ter afetado sua voz. Não se pode dizer o mesmo de suas relações profissionais. Colecionou desafeto e processos trabalhistas - de músicos contra ele e dele contra gravadoras -, além de renegar publicamente antigas amizades, ameaçar críticos e faltar a shows. Passou anos sem se apresentar na Rede Globo e acusava o todo-poderoso da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Beni, de ser o culpado pelo boicote. Outro conhecido inimigo ele denominava ETA, “Exploradores do Talento Alheio”, formado por empresários e donos de casas de espetáculos.

Ninguém duvida que TIM fosse e sempre será um dos mais talentosos artistas da música brasileira. No dia 8 de março de 1998, ao cantar a primeira música em um show no Teatro Municipal de Niterói, no Rio de Janeiro, sofreu um edema pulmonar seguido de parada cardiorrespiratória. Ficou internado no CTI do Hospital Antônio Pedro durante sete dias e faleceu no dia 15, de infecção generalizada, aos 55 anos. Em sua eterna ironia, ele se definiu com uma frase que entraria para a História: “Não fumo, não bebo e não cheiro. Meu único defeito é que minto um pouco”.

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